Não é segredo que Portugal está a destacar-se como um dos países que mais incentiva a ida de pessoas de suas zonas urbanas para as zonas rurais.

Esse movimento, se acontecer de forma consistente, pode gerar uma relação de win-win para as três partes envolvidas: os trabalhadores remotos, a comunidade local e o próprio município.

Mas nem tudo são flores. A ideia de mudar para uma zona rural ainda é vista por muitos portugueses e estrangeiros com um certo ceticismo e às vezes até preconceito.

Os números abaixo demonstram que Miranda do Douro vem perdendo residentes ano após ano.

Até certo ponto, é compreensível que isso aconteça. Viver no meio rural não é para todas as pessoas. Depende da oferta de trabalho, do estilo de vida das pessoas, e da necessidade de ter acesso a certos serviços públicos e privados.

Mas há um grupo de pessoas que pensa diferente: os trabalhadores remotos e os nómadas digitais. Esses profissionais estão dispostos a passar temporadas nas zonas rurais, enquanto vivem um estilo de vida diferente do qual viveriam nas suas respectivas cidades e países.

Além disso, há também pessoas que escolheram Miranda do Douro como a sua nova casa. A Enfermeira Italiana Paola Marcon, o professor de Inglês Britânico Barrie Abbott e o empresário Brasileiro Matheus Almeida são exemplos desse movimento.

Os 3 vivem na zona de Miranda do Douro por opção e desempenham os seus trabalhos de forma presencial e/ou online.

Esses dois grupos – os trabalhadores remotos e os que se mudam definitivamente para a zona – têm um papel fundamental em contribuir para, não apenas reverter os números acima demonstrados, mas além disso, têm a oportunidade de dinamizar a zona com novas iniciativas, abertura de novos negócios, organização e participação em eventos de networking e uma rica troca de experiências com a população local.

Mas o que faz essas pessoas terem o interesse pelo Planalto Mirandês?

Abaixo, listo 5 motivos mais visíveis que justifica esse movimento:

1. A receptividade das pessoas

O comportamento genuíno e caloroso das pessoas do mundo rural proporciona uma experiência única aos visitantes.

Isso é fácil de sentir uma vez estando na zona. A expressão das pessoas nas fotos abaixo são uma forte evidência disso.

Há um entusiasmo e uma alegria dos donos de lojas e cafés e dos moradores ao ver pessoas interessadas em conhecer o sítio onde vivem e fazer parte da comunidade, mesmo que por um período curto.

Mónica Salgado, arqueóloga de Miranda, é um exemplo real dessa receptividade. Em ação promovida pela Rural Move em Miranda, ela foi uma das pessoas que compartilhou momentos riquíssimos junto com o grupo de trabalhadores remotos que ficou ali por uma semana.

A Andréa Barbosa, moradora da zona há mais de 20 anos e consultora em sustentabilidade foi uma das organizadoras da Rural Move Experience, uma iniciativa entre a câmara de Miranda do Douro e a Rural Move para realizar uma ativação do território. Isso consistiu em visitas e atividades onde 15 trabalhadores remotos estiveram na vila e em suas aldeias, durante sete dias.

A anfitriã do grupo organizou visitas a restaurantes típicos, centros culturais, livrarias, comércio local e até a uma fábrica de facas, a Cutelaria Martins, onde fomos muito bem recebidos pelo proprietário e recebemos uma verdadeira aula sobre um negócio familiar que funciona há décadas e mantém um alto nível de qualidade, exportando seus produtos para vários países.

Aqui, a tradição e a inovação caminham de mãos dadas

Alberto MartinsDiretor da Cutelaria Martins
Em Sendim, uma aldeia de apenas 1000 habitantes, fomos recebidos pelo Filipe Machado, diretor do Centro de Inovação e Tecnologia Terras de Trás-os-Montes (CIT-TTM).

O Filipe apresentou-nos algumas pessoas da aldeia e colocou-se à disposição do grupo para projetos em parceria ou qualquer iniciativa que estivesse dentro de suas possibilidades.

A Mónica, a Andréa e o Filipe são apenas alguns exemplos da receptividade e do calor humano que existe em Miranda do Douro.

Essa integração humana e genuína com os moradores de todas as aldeias por onde passamos trouxe um tom de leveza e humanidade para a experiência da equipa Rural Move.

2. Cultura e charme peculiar

Toda cidade ou aldeia tem seu charme, sua história e dinâmica particular. Aqui no velho mundo – Europa – ainda existe a vantagem de que as cidades possuem uma história que nos teletransporta para a época Medieval, o que é fascinante, principalmente aos olhos de quem não nasceu nesse continente.

Miranda do Douro, além dos resquícios arquitetónicos da época medieval e natureza exuberante, tem algo único a nível de Portugal: um idioma próprio – o Mirandês.

E você pode conhecer um dos guardiões do Mirandês, o Alcides Meirinhos na Associação de Língua e Cultura Mirandesa.

Além dessa visita, existem alguns outros atrativos culturais e históricos que recomendo:

3. Espaços de trabalho

Para trabalhadores remotos, ter espaços de trabalho é essencial. Em Miranda há algumas opções e outras em fase de concepção. 

A Mercearia Tomé e a Casa da Cultura são dois espaços que, apesar de pequenos, são confortáveis e atendem muito bem a procura atual de trabalhadores remotos.

Com a chegada de mais trabalhadores remotos à zona, certamente novos espaços dessa natureza irão surgir.

4. Atividades ao ar livre

Era final de tarde quando eu e alguns amigos da Rural Move chegamos até um dos muitos miradouros da zona. Tivemos a sorte de encontrar com o Sérgio, proprietário da empresa de passeios e atividades ao ar livre – Coordenadas d’Aventura.

Conversamos um pouco, contemplamos a paisagem e até brincamos de ver quem iria “encontrar o número 2 primeiro”, nas encostas das arribas.

É isto, trabalhadores remotos e nômadas digitais estão sempre em busca de atividades ao ar livre para preencherem seus dias. 

Portanto, segue abaixo uma lista de opções de atividades outdoor nesta zona:

Há caminhos bonitos que não podem ser descobertos sem nos perdermos.

Erol Ozan

5. Os arredores

A proximidade com os vizinhos Espanhóis acrescenta um charme todo especial a zona de Miranda do Douro.

Desde Miranda do Douro até à cidade medieval de Zamora, são apenas 45 minutos de carro. Para Salamanca, outra cidade espanhola famosa por sua universidade, centros culturais e bares de tapas, está a apenas mais uns 40 minutos conduzindo, desde Zamora.

Mas caso não queira ir tão longe, há aldeias pitorescas bem próximas da fronteira que oferecem uma experiência gastronómica e cultural fascinante.

São elas:

  • Fermoselle
  • Bermillo de Sayago
  • Alcanizes

Por fim, se você gosta de ser bem recebido(a), tem interesse por cultura local, quer praticar atividades ao ar livre, cruzar a fronteira com a Espanha para visitar Aldeias pitorescas e ainda poder trabalhar do seu portátil em espaços apropriados para trabalhadores remotos, Miranda do Douro já pode entrar na sua lista de lugares para conhecer em Portugal. 

E caso queira participar numa próxima Rural Move Experience, e experimentar esse novo estilo de vida, acompanhe a Rural Move para ficar a saber dos eventos e experiências que acontecerão no futuro próximo.

Este artigo foi escrito por Sávio Meireles, o qual mudou-se da Austrália para Portugal no início de 2022 e hoje vive na cidade medieval de Amarante, norte do país. Sávio é consultor em storytelling para marcas e Strategic advisor para comunidades com propósito. 

RuralMove-te!!

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